MEMORIAL FUNDASP:
aos que perdemos para a pandemia e para o descaso

A Fundação São Paulo erigirá um Memorial aos que perdemos para a Covid-19 e para o descaso: estão abertas, até 04/12/21 as inscrições para um concurso que elegerá o melhor projeto, a ser executado e instalado no campus Monte Alegre. O prêmio para o projeto vencedor é de 20 mil reais mais uma bolsa de estudos integral para qualquer curso de graduação ou pós-graduação na PUC-SP. O Edital do concurso encontra-se no endereço:
www.fundasp.org.br/downloads/Edital_Concurso_Monumento_Vitimas_COVID19.pdf.

Os monumentos Memoriais, mais do que monumentos comuns, presentes em todas as culturas e sociedades, representam a intenção redobrada de preservar a memória de um fato, evento ou feito coletivo de grande importância ou alta comoção para uma comunidade, em algum período de sua história.

Assim deve ser com a ocorrência da pandemia de Covid-19 entre nós, porque o vírus não matou sozinho: o desamparo, a degradação e o descaso com a vida humana potencializaram a tragédia do inaceitável número de pessoas que perdemos. Não devemos esquecer, para que nunca mais se repita.

O Memorial é isto: não esqueceremos. Nossa memória é resistente.

SOBREVivemos! Sigamos!

A FUNDASP, Fundação São Paulo, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vem sendo, há anos, suporte e testemunha do novo e bem-sucedido ciclo que a PUC-SP inaugurou há cerca de uma década e meia, e que agora acaba de ser coroado com o início da transição e retorno ao regime presencial, tanto no setor acadêmico como no administrativo.

Essa transição, cautelosa e dentro de todos os parâmetros sanitários preconizados pelo Hospital Sírio-Libanês, que nos assiste, vem acontecer no bojo de um balanço francamente positivo que fazemos de como conseguimos nos conduzir e atravessar os pesados dois anos pandêmicos, que, felizmente, começam a dar sinais consistentes de declínio...

UM CASULO PARA O POVO DA RUA

O professor do curso de Jornalismo da PUC-SP, Renato Levi, e as ex-alunas do curso Beatriz Fragelli e Patrícia Curti, entre outras pessoas, estão à frente de uma iniciativa tão criativa quanto solidária e providencial para as pessoas em situação de rua, que, com o avanço da miséria sob o atual governo, tem aumentado vertiginosamente: trata-se do "Casulo pra rua", um saco de dormir, quentinho, macio e impermeável, com um bolso interno dentro do travesseiro, para guardar com segurança os objetos pessoais. Leve e facilmente dobrável, ele pode ser carregado como uma bolsa a tiracolo. Além de ser um abrigo contra o frio e a chuva, ele protege os usuários da sujeira, dos insetos e ratos que circulam pela cidade.

Ao mesmo tempo que ajuda emergencialmente as pessoas que moram e dormem nas ruas, o Projeto também provê trabalho, com remuneração justa, para cerca de 30 costureiras em situação vulnerável, e que, com isto, conseguem sustento para suas famílias.

Esse Projeto conta com o apoio da Pastoral do Povo da Rua, da São Paulo Invisível, do Aquece São Paulo, do Dando Sopa, da Frente de apoio aos povos indígenas – FAPIB-Sudeste, e várias outras organizações que se dedicam a minorar o sofrimento das pessoas que vivem nas ruas.

Quem estiver interessado (a) em ajudar, tanto podem usar a cartilha com o passo a passo da confecção do abrigo, confeccionar e distribuir, como podem doar qualquer valor para que material seja comprado e confeccionado pela equipe de costureiras, ajudando, assim, as duas pontas do processo. Os doadores podem, também, optar por retirar as peças e entregar pessoalmente aos usuários. O Projeto corre contra o tempo, porque foi escolhido pelo fundo Todo Cuidado Conta, o que significa que este fundo irá triplicar o valor das doações arrecadadas pelo Projeto Casulo até 20/12, que poderá, assim, ampliar e ajudar um número muito maior de moradores de rua.

Para participar, acesse:
• http://benfeitoria.com/casulooanotodo
• https://www.instagram.com/casuloprarua
• http://facebook.com/casuloprarua

QUERIDA AMAZÔNIA

"Quando algumas empresas sedentas de lucro fácil se apropriam dos terrenos, chegando a privatizar até a água potável, ou quando as autoridades deixam o terreno livre a madeireiros, a projetos minerários ou petrolíferos e outras atividades que devastam a floresta e contaminam o ambiente, transformam-se indevidamente as relações econômicas e tornam-se um instrumento que mata."

(Papa Francisco - Querida Amazônia, 14)

Com esta epígrafe o Conselho Permanente da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – inicia um incisivo documento dirigido ao parlamento brasileiro, a CARTA AO CONGRESSO BRASILEIRO MEDIANTE OS GRAVES RETROCESSOS NA PAUTA AGRÁRIA E SOCIOAMBIENTAL, de 17 de junho de 2021, documento que ainda ecoa fortemente dentro e fora do Brasil.

A Carta é assinada por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler, 1º Vice-Presidente, Dom Mário Antônio da Silva, 2º Vice-Presidente e Dom Joel Portella Amado, Secretário-Geral da CNBB. Leia a íntegra do documento no link.

KADOGOS

"Eu estava tomando conta da minha irmã de dois anos (...) eu tinha dez anos. Quando os rebeldes do LRA (Lord's Resistance Army) me pegaram, eles me fizeram carregar sacolas e minha irmã (...) eu não conseguia carregar, então eles me fizeram matá-la (...). "

KADOGOS quer dizer, em suaíli, coisa insignificante, que é como as crianças são chamadas pelos sequestradores/guerrilheiros.

Tudo isto faz parte do trabalho final de Carla Trabazo, ex-aluna da Especialização em Jornalismo Internacional na Cogeae, PUC-SP, que resolveu embrenhar-se pela África Central e Oriental em 2016/2017, para escrever seu trabalho, um livro-reportagem sobre o doloroso e monstruoso recrutamento/sequestro de crianças para serem "soldados" de suas guerrilhas.

Estima-se que no mundo haja cerca de 260 mil casos de crianças e adolescentes nessa condição, metade dos quais no continente africano, em pleno século XXI.

Correndo perigos de toda sorte, Carla conta que voltou ao Brasil com uma chaga no coração, e nestas condições revisitou tudo que viveu, viu, ouviu, fotografou, entrevistou, e transformou num livro que agora é lançado simultaneamente no Brasil e em Portugal, pela Lisbon Press.

Da Ucrânia, onde encontra-se agora, em entrevista para o RADAR FUNDASP, Carla disse que "esse tipo de experiência deixa uma cicatriz na pessoa", mas que "o que me moveu a ir até o fim foi a ânsia de mostrar para mais gente o que está acontecendo com estas crianças". A orientação, na Cogeae / PUC-SP foi do professor doutor José Eduardo Montechi Valladares de Oliveira.