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Professora da Derdic é a primeira surda a concluir o mestrado no Pós em Educação da PUC-SP

A jovem pesquisadora Bruna Barbalho acaba de se tornar a primeira pessoa surda mestra pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação (PED / PUC-SP). Ela é instrutora de Libras na Derdic e fez o curso com bolsa de estudos para funcionários da FUNDASP.

Natural de São Paulo, mas vivendo em Pernambuco, onde construiu grande parte da trajetória educacional, sempre teve o desejo de aprender e ensinar. Em 2010 ingressou na graduação em Pedagogia. Concluiu o curso em 2015 e, desde então, já alimentava o desejo de seguir os estudos e ingressar no mestrado.

Foram diversas tentativas e desafios, ao longo dos anos. O desejo era grande, mas as oportunidades, escassas. Ela estava a ponto de desistir da Educação de tanta limitação que encontrou no caminho.

A proposta acadêmica, os professores envolvidos e a abertura para pesquisas com sujeitos surdos mostraram que a PUC-SP era o espaço certo para desenvolver um trabalho comprometido com escuta, afeto e transformação, essencial para que ela se sentisse acolhida e respeitada como pesquisadora surda.

Bruna avalia o impacto da sua conquista. “Defender um mestrado sendo uma mulher surda é muito mais do que conquistar um título: é ocupar um espaço que, historicamente, nos foi negado. A defesa não é só minha… é da comunidade surda, das lutas que me antecederam, das mãos que me ajudaram a chegar até aqui. Essa conquista carrega um peso simbólico e político muito grande”.

Sob orientação da profa. Mistuko Makino Antunes, Bruna realizou a pesquisa Para além do som: relatos de conquistas e desafios na trajetória acadêmica de estudantes surdos que chegaram ao ensino superior.

“Bruna realizou uma pesquisa muito relevante academicamente, além de significativa para a comunidade surda. Esperamos que ela prossiga no doutorado e que seja a primeira de muitos surdos a se titularem no PED”, afirma a profa. Mitsuko.

Bruna conclui revelando um desejo: “A minha defesa representa também os silêncios que precisaram ser quebrados, os afetos que sustentaram esse percurso. É uma porta que se abre, e eu desejo profundamente que outras pessoas surdas também ocupem esse espaço com suas histórias e pesquisas.”