
HSL localiza família de paciente após 35 anos de separação
João Luiz, de 65 anos, chegou ao HSL no dia 23 de maio em estado crítico. O diagnóstico era grave: pneumonia, encefalopatia e infarto. Além das condições clínicas severas, o paciente apresentava agitação, confusão mental e não conseguia informar dados básicos, como endereço ou contato de familiares.
A princípio, tudo indicava que se tratava de mais um caso recorrente: uma pessoa em situação de rua, invisibilizada e sem rede de apoio.
Diante do impasse, a equipe do HSL acionou a direção e o setor jurídico. “Fizemos buscas exaustivas por todos os meios e conversamos até com um antigo vizinho, que relatou que João não vivia mais no bairro desde a morte da companheira, há muitos anos”, relata Rosana Pimenta, assistente social e coordenadora do G T de Humanização do hospital.
Conforme o quadro de saúde foi melhorando, surgiram pistas. Um possível sobrinho foi localizado nas redes sociais. E, finalmente, no dia 10 de junho, 18 dias após a internação, veio a confirmação: encontraram as filhas de João, Sandra e Solange, que não viam o pai há mais de 35 anos. “A gente achava que ele estava morto”, disse Sandra, emocionada, durante a chamada telefônica com o HSL.
A história de João é a de muitos brasileiros. Natural de Guarapuava (PR), ele deixou o estado décadas atrás, em busca de melhores condições de vida. Percorreu cidades, perdeu vínculos e entrou no ciclo da vida nas ruas.
Ao saber que tem 25 netos e vários bisnetos, João se emocionou. “Isso é um milagre de Deus”, afirmou, aos prantos. Dois dias depois, no dia 12 de junho, recebeu alta, lúcido, decidido a encerrar a vida itinerante. Quem foi buscá-lo foi a neta Kauani, que percorreu mais de 500 quilômetros para reencontrar o avô que ela sequer conhecia.
O episódio é um retrato do que pode — e deve — ser o atendimento em um hospital. “Foi um dos casos mais marcantes nestes meus 25 anos de carreira. A sensibilidade de toda equipe do HSL fez toda a diferença”, afirma Rosana. “Este caso reafirma o verdadeiro sentido do Serviço Social e da humanização no ambiente hospitalar: acolher com empatia, agir com perseverança e nunca desistir de acreditar no poder do reencontro e da dignidade humana”, conclui.
Repercussão na mídia